Situada no topo de uma colina verde a apenas três minutos dos surf breaks de Playa Venao, a Casa Samambaia ocupa uma posição rara - perto o suficiente do oceano para sentir a sua atração, mas elevada e afastada da agitação costeira. O local é envolto por floresta, denso com vegetação nativa e coroado por uma imponente árvore panamenha cuja copa abriga a residência. A partir deste ponto de vista, o terreno inclina-se suavemente em direção ao Pacífico, oferecendo vistas desobstruídas através da folhagem, mantendo uma profunda sensação de privacidade e tranquilidade. Os gritinhos dos macacos uivam pela copa ao amanhecer e ao anoitecer, marcando o ritmo do dia. É um lugar definido pela dualidade: ligação e reclusão, proximidade e recuo.

Concebida como um refúgio pessoal para os fundadores do Espacio LAR e sua família, a residência incorpora a filosofia da arquitetura do estúdio como santuário enquanto canaliza a influência brasileira contemporânea a partir de suas raízes. Precisava acomodar várias gerações, mantendo a atmosfera de um retiro de bem-estar: calmo, restaurador, profundamente ligado à natureza. A visão era clara: um espaço onde materiais naturais, detalhes considerados e pontuações de cor criariam um ambiente tão bonito quanto funcional, servindo tanto como casa de família quanto, quando desocupado, como uma experiência de arrendamento cuidadosamente curada.

A resposta arquitectónica respeita os constrangimentos do local. A residência principal segue o modelo S2 — um plano estreito e alongado elevado acima do nível para se adaptar à topografia e preservar o plano de solo existente. Painéis de vidro deslizantes dissolvem ambas as fachadas longas, criando transparência da floresta ao oceano. De um lado, as vistas estendem-se através da densa vegetação tropical; do outro, o Pacífico aparece em fragmentos entre árvores. A cozinha abre diretamente para o deck da piscina e, quando as portas de correr se retraem, o limite desaparece completamente, transformando o espaço em uma única zona contínua para cozinhar, jantar e reunir. Por baixo da estrutura elevada, a infra-estrutura — canalização, eléctrica, sistemas de água — corre acessível e protegida, uma solução prática para um local remoto onde a manutenção requer previsão.

A materialidade define o carácter do retiro. Os acabamentos naturais dominam — madeira, pedra, texturas tecidas — fundamentados por pontuações deliberadas de cor: portas verdes que ecoam a folhagem circundante e casas de banho inteiramente envoltas em cerâmicas de terrazzo, as suas superfícies salpicadas acrescentam textura e calor. A piscina de pedra natural estende-se em direção à vista para o oceano, a sua materialidade ecoando o carácter acidentado da costa. A uma curta distância, um Tiny Loft serve como pavilhão de hóspedes, proporcionando autonomia para os visitantes, mantendo a conexão com a casa principal. Esta estrutura compacta inclui uma banheira de hidromassagem preta privada empoleirada com vista para o mar, o seu plano em estilo loft maximizando o espaço vertical dentro de uma pegada mínima. Os dois edifícios coexistem no local sem competir, cada um orientado para captar vistas respeitando a topografia e a copa de abrigo da árvore panamenha.

A Casa Samambaia é, em última análise, um exercício de trabalho dentro dos limites. O terreno ditava a arquitectura, e a arquitectura respondia levantando, abrindo e adaptando. Não impõe ordem à paisagem, mas negocia com ela — encontrando o equilíbrio entre a necessidade de abrigo e o desejo de permanecer imerso na envolvente. Um retiro onde a floresta encontra o oceano, onde convergem várias gerações, e onde a arquitetura se torna um limiar entre o espaço construído e o mundo natural.